Um testemunho...
Estamos nos anos 1956/1961 e das melhores lembranças da minha adolescência foram os cinco anos que passei no Externato Liceal de Almada “O Gato”, pois além do que aprendi, aquela era a minha segunda casa. Ali cresci, estudei, arranjei grandes amigas que ainda hoje mantenho, conheci professores extraordinários, aprendi a jogar pingue-pongue, a andar de patins e brinquei. Os alunos de hoje anseiam pelas férias e eu, tinha pena que elas existissem porque não podia ir para o Colégio.
De todos os professores o que recordo ainda hoje com grande saudade é o Director, o Dr. Dâmaso, um homem extraordinário, um segundo pai, um amigo, que não só me ensinava nas suas aulas como me dava conselhos e nos levava a passear (a mim e às minhas amigas), no seu velho carro, sempre estacionado do outro lado da rua e com as portas abertas, para onde também íamos conversar.
Também recordo o nosso velho contínuo com a sua bengala, a qual ficou muitas vezes presa à secretária por nós, depois de lhe tirarmos a chave da cave, a que pomposamente chamávamos “o subterrâneo” e lá íamos nós carregadas de lanternas, tacteando as paredes, enfim! Inspeccionando tudo à procura da passagem secreta que nos levaria ao Castelo de Almada, pois tendo sido habitado por nobres, estávamos convencidas que existia esta ligação, para uma possível fuga, caso houvesse qualquer perigo. É evidente que todas estas aventuras eram influenciadas pelos livros mais lidos na época “Os cinco”. No entanto, quando o prédio foi demolido, uma das poucas relíquias do passado almadense, ainda fui espreitar para verificar se a tal passagem secreta existia ou não. Coisas da adolescência!
E a velha árvore cujos frutos nunca amadureciam … ou eram comidos antes do tempo? E a velha pianola que o Dr. Dâmaso tinha no Ginásio e que adorávamos ouvir.
Foram bons tempos!
Manuela Brandão
Fotografias: Arquivo da Associação O FAROL. Edifício do externato já devoluto.
Turmas de finais dos anos 50 e início da década de 60 (séc. XX).
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