30 de junho de 2011

António Henriques




A história das colectividades faz-se com a intervenção dos seus associados, os quais, através do seu trabalho, têm firmado, incontestavelmente, no dia a dia, a vitalidade do movimento associativo e da sua expressão cultural genuína e transformadora da própria sociedade.

Como exemplo inquestionável, resolvemos, neste breve apontamento, evocar o publicista António Henriques, uma das mais grandiosas figuras estudiosas do movimento e do fenómeno associativo almadense.

Filho de José Francisco de Almeida, corticeiro, natural de Almada e de D. Emília Bárbara de Almeida, costureira, natural de Lisboa, este homem simples e humilde nasceu em Cacilhas a 7 de Agosto de 1915.

Contudo, os seus pais resolveram registar o seu nascimento em Lisboa, conforme consta do assento n.º 783 – do livro n.º 43 – Ano 1915 da Paróquia de Santa Isabel, datado de 1 de Setembro de 1915, cujo teor se transcreve:

Às vinte e duas horas do dia sete de Agosto de mil novecentos e quinze nasceu na Rua do Sol ao Rato, numero setenta e sete patio, parochia de Santa Izabel d’esse bairro, um indivíduo do sexo masculino a quem foi posto o nome de Antonio Henriques d’Almeida, filho legitimo de José Francisco, de vinte e sete anos, corticeiro natural do concelho de Almada e de Emília Barbara d’Almeida, de vinte e nove anos, doméstica, natural da parochia de Santa Isabel concelho de Lisboa, domiciliados na referida casa; neto paterno de António Francisco e Maria Paula e materno de Joaquim Gregório d’Almeida e de Bernadina Rosa d’Almeida.

Foram testenunhas d’este registo António Henriques d’Almeida, solteiro, maior, polidor de móveis domiciliado na Rua do Sol ao Rato, Joaquim Pereira Cachiço, empregado público, domiciliado na Rua do Sol ao Rato, padrinhos a primeira testemunha e Electra Pereira.

Foi declarante o pai do registado.

Este registo depois der lido e conferido vae ser assinado por todos.

Lisboa, a Repartição do Registo Civil do Quarto Bairro, um de Setembro de mil novecentos e quinze.

Segue-se as assinaturas de:

José Francisco
António Henriques d’Almeida
Joaquim Pereira Cachiço
Electra Pereira

O Ajudante

Segue-se a assinatura de:

Abílio Mendes d’Oliveira


Estamos convictos que o amor e a dedicação que António Henriques teve sempre pela sua terra natal, fez com que nunca concordasse com a atitude de seus pais. Assumindo inequivocamente, Cacilhas como a terra da sua verdadeira naturalidade, apesar de no seu bilhete de identidade constar natural da freguesia de Santa Isabel, concelho de Lisboa.

Entre os 8 e os 10 anos de idade, começou a frequentar a Soc. Incrível Almadense, onde iniciou os seus primeiros contactos com a causa e o ideal associativo. Embora oriundo de uma família operária, António Henriques frequentou a Escola Preparatória Rodrigues Sampaio em Lisboa, onde completou o 1º Ciclo.

Desde muito novo, o espírito associativo foi algo de permanente na sua vida. A sua primeira aderência associativa, foi provavelmente, a colectividade cacilhense Sporting Club Bombense (Colectividade fundada em 1 de Julho de 1927,em Cacilhas e cuja sede provisória situava-se na Rua Cândido dos Reis, n.º 126), com o número de sócio n.º 14, cujo o cartão de associado data de 25 de Junho de 1932.

Pesquisador da história das nossas colectividades, António Henriques preservou um riquíssimo espólio documental, sobre um dos pilares mais populares da nossa cultura associativa local: a S.F.I.A – Sociedade Filarmónica Incrível Almadense.

Em 1946 faz parte do MUD – Movimento de Unidade Democrática, na comissão de freguesia de Almada, juntamente com outros democratas almadenses como: Romeu Correia, Raimundo José Moreira, Mário Augusto e Fernando Gil.

A coerência e a determinação, marcaram o seu carácter. Ao homenagearmos o Homem e o Amigo, com qual tivemos o privilégio de conviver, pretendemos acima de tudo testemunhar o nosso apreço e reconhecimento pelo seu empenho, dedicação e esforço na recolha de factos históricos do associativismo almadense, precioso espólio que nos foi dado a conhecer nos oito volumes da sua notável obra “A Incrível no Limiar dos 150 Anos”, valioso contributo para o estudo e entendimento da história e memória do associativismo português.

A sua memória perpetua a dimensão do seu Perfil Humano e a Grandeza do seu Carácter, cujo espirito de invulgar humildade fizeram dele um Homem de respeito e de referência no movimento associativo almadense.

Artur Vaz


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